*VANDA FERREIRA : Poema do Meio-século

O CHAPÉU - Manoel Virgilio

Depois daquela boina, um chapéu,
Chapéu de Mato
Grosso, lá do Sul !
Chapéu que lá em Búzios foi, ao léu,
Cobriu todas, ao
céu, que não era azul.
E agora, nossa Telma, numa foto,
Expõe-se, muito
bela com o chapéu.
É coisa que no Orkut, logo noto,
Quem usa o chapéu fica
mais bel.
A Telma co’o chapéu é mais bonita
Gisele diz, Marisa
acredita!
Já sei porque acontece essa escrita:
Da Bugra é o chapéu e ela é
linda!
Assim, lindas mais lindas, nunca finda
Quem usa o chapéu, mais
bela, ainda!
Manoel Virgílio

Moda Viajeira

Vanda Ferreira, Gutemberg Honorato, Reginaldo Sans

Vejam só nossa fronteira é fazendeira
Lua cheia, noite inteira
Tem a moda viageira

Terra roxa e também branca e vermelha
Minha
casa não é de telha
É Buriti barro e palmeira

Que saudade quando era
só fazenda
Mulheres vestindo renda
Quanta festa lá na venda

Mato
Grosso do Sul
É terra multicor
No cerrado nasce flor
Água salobra e
mineral

Misturas de costumes
São tantas alegorias
Países muitas
raízes
Rituais de alegria

A fronteira não divide o rio Paraguai
Pedra, argila e areia
De um país para outro vai

Do nascer e ao
por do sol esse rio é cancioneiro
Suas margens sigilosas florescem o ano
inteiro

Paz Ambiental

Setembro decifra segredos
códigos primaveris feitos por cigarras
exclusivo canto por entre luzes de sol, de lua e de vaga-lumes;
Intenso movimento de árvores saudosas da chuva;

Vento em roda-viva brinca na florescência do Jacarandá
leves beijos roçam tapete
floral do roxo Tarumã.

Primavera é filha do inverno,
mãe do verão, e
neta do outono;

Corpo tatuado, traços de aves coloridas,
marcas de seu parentesco;
Flores perfumadas, ungidas da límpida bonança.

Primavera é estação maternal
pari alegria, harmonia familiar de flora e
fauna.

"As pernas das árvores não vão à

mina...

enviam lânguidas extremidades

ao mar oculto no útero da

terra".

"Na

face verde do

cerrado

branca flor de guavira salta;

poesia floral

passeia...

Perfumado vento,

comestível aroma ao esmo.

Paz no

campo!"

"Formigas

valenteiam...

Tucangueiras vão e veem,

donas do

sub-mundo.

Comunitária

escavação

sob os pés das árvores;

engenhosos túneis da cidade

onde

reina eternizada paz."

DESCARADAS ESTAMPAS

Sorriso matuto tatua

Vinca pele

frugal

Carne facial

Roteiro de comunicação;

Na liberdade da

nudez

Cisma o sol

Sangra

e jorra

Descaradas estampas;

Veste-me a

brancura

Cisma grafia de onça

Pinta

Jaguatirica.

Desconfiada

espio

No rasgo celeste...

Inescrupulosidade

estacione em

mim.

PÃO

Sovo pão nos departamentos

bucais;

sede da língua

fome dos dentes,

linguagem do

paladar

amassa-pão,

Celeste massa!

Boca cheia cria levedada

fantasia

ejeta picância

à saliva

para fermentar rodeios

invasões na

varanda do

pensamento.

Mastigo lembranças,

imagináveis

emoçoes

estacionadas em desconhecida alvorada;

Divagações na avenida

do crânio

trânsito livre

logro do esmo

idéias viajeiras para

passado,

futuro, histórias, personagens,

pessoas e lugares ,

antiga e

atual mente;

Na cumbuca cerebral

fornalha assa-pães.

Como

pão

untado de

especiarias matinais;

Trituração de sal, fel, mel

Roça e

curral.

Digestão libera verdades...

Sangria de

conclusão.

DE AMOR

Pag. 129 e 130 do livro Bugra Sarará/Vanda ferreira-1992
(Poema aureolado no V Concurso Nacional de Poesias – Porto Alegre RS - 1991)

Quero o abraço de amor.
Do amor que afaga mornamente
Aninha minha alma
Embalando-a no rítmo de águas sussurantes.

Quero o abraço de amor,
Do amor que sustenta aplausos
Dos espíritos que louvam o céu
Mirando os panoramas triunfais
Do quadro que desenrola a natureza.

Quero o abraço de amor,
Do amor que acolhe na fartura da paz
Assobiando cantigas mansas,
Até que eu adormeça no remanso

Quero o abraço de amor,
Do amor de sossego preguiçoso
Como gotejar de água.

Amor com feição de serenidade risonha
Tão calmo e simples,
Tão terno e bom,
Tão em harmonia com a pacificação.

Quero no abraço de amor
A noite banhada pelo luar,
O dia polido pelos fios dourados do sol.

Quero do abraço do amor
o tilintar das almas
Brindando na fonte que jorra
Amorosamente a umidade genuína.

*VANDA FERREIRA

Páginas

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domingo, 4 de outubro de 2009

Poema do Meio-século

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